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  • Fonte: Helio Begliomini

Patrimônio da Academia de Medicina de São Paulo1

A boa reputação é um segundo patrimônio.
Públio Siro (85 a.C.- 43 a.C.), escritor que viveu na Roma Antiga.

 Helio Begliomini

A Academia de Medicina de São Paulo, surgida como Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, completou no dia 7 de março de 2025, 130 anos de profícua e ininterrupta existência, constituindo-se na quinta mais antiga entidade médica do país, e a mais longeva do estado de São Paulo!

Teve, num espaço de apenas 14 dias, duas reuniões preparatórias dominicais para a sua fundação, realizadas no consultório de Sérgio Florentino de Paiva Meira, à Rua São Bento, no 23, respectivamente, em 24 de fevereiro de 1895, e em 10 de março de 1895.

A data escolhida para a fundação foi o dia 7 de março de 1895, uma quinta-feira, quando Sérgio Florentino de Paiva Meira e Mathias de Vilhena Valladão – principais protagonistas – organizaram à noite, um banquete no Club Germania para 90 convidados. Nessa ocasião foi ratificado e homenageado como primeiro presidente Luiz Pereira Barreto, que além de ser um renomado médico, escritor, pensador, administrador e político, era um dos mais ilustres, queridos e respeitados líderes daquela época.

A instalação e posse da primeira diretoria, bem como dos membros fundadores aconteceu em 15 de março de 1895, numa sexta-feira, às 19 horas, na renomada e vetusta Faculdade de Direito de São Paulo, localizada no Largo São Francisco. Essa tradicional instituição de ensino fora gentilmente cedida graças à benevolência do jurista e professor Joaquim Ignácio Ramalho, mais conhecido por Barão de Ramalho, seu então diretor.

Dentre os 40 eminentes fundadores havia pelo menos dez nascidos fora do estado de São Paulo, a saber: Paraíba, Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro, além de outros oito estrangeiros, naturais de Cabo Verde, então território ultramarino de Portugal; Itália, Bélgica, Alemanha e Escócia. Dos paulistas, ao menos sete eram naturais do interior: Campinas, Piracicaba, Pindamonhangaba e Araraquara. Paulistanos comprovadamente foram três!

Dos 40 membros fundadores pôde-se encontrar o local de graduação de 26 deles, sendo que, desses, 14 concluíram o curso de medicina no exterior, e os outros 12, numa das duas Faculdades de Medicina então existentes no Brasil, respectivamente, na Bahia e no Rio de Janeiro.

A Casa de Luiz Pereira Barreto tem albergado ao longo de sua secular existência, ilustres e afamados filhos de Hipócrates, expoentes que honraram e têm honrado a medicina como cientistas, professores, clínicos, cirurgiões, enfim, intelectuais de escol, que se destacaram nas mais diversas especialidades da profissão.

Dentre as centenas de notáveis imortais citam-se a título de ilustração: Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho, Ataliba Florence, Carlos Comenale, Claro Marcondes Homem de Mello, Coriolano Barreto de Burgos, Evaristo Bacellar, Evaristo Ferreira da Veiga, Felice Buscaglia, Francisco Pignatari, Domingos Rubião Alves Meira, Francisco Franco da Rocha, Diogo Teixeira de Faria, Vital Brazil Mineiro da Campanha, Jeanne Françoise Joséphine Marie Rennotte, Luiz Manuel de Rezende Puech, Clemente Miguel da Cunha Ferreira, Emílio Marcondes Ribas, Antônio Carini, Walter Seng, Raul Carlos Briquet, Antônio Prudente de Meireles de Morais, Geraldo Horácio de Paula Souza, Alfonso Bovero, Oscar Freire de Carvalho, Flamínio Fávero, Luciano Gualberto, Carlos Justiniano Ribeiro das Chagas, Manoel Augusto Pirajá da Silva, Ernesto de Souza Campos, João Penido Burnier, Celestino Bourroul, Enjolras Vampré, Benedicto Augusto de Freitas Montenegro, Octávio de Carvalho, Manoel de Abreu, Hilário Veiga de Carvalho, Durval Bellegarde Marcondes, Ouvídio Pires de Campos, Antônio Carlos Pacheco e Silva, Franklin de Moura Campos, Antônio de Almeida Prado, Jairo de Almeida Ramos, Alípio Corrêa Neto, Edmundo Vasconcelos, Carmen Escobar Pires, Renato Locchi, Rodolpho de Freitas, Carlota Pereira de Queiroz, Walter Edgard Maffei, Dante Pazzanese, Carlos Alberto Salvatore, Humberto Cerruti, Euryclides de Jesus Zerbini, Darcy Vilela Itiberê, Luiz Venere Décourt, Augusto Amélio da Motta Pacheco, Domingos Delascio, Carlos da Silva Lacaz, Gil Soares Bairão, Roberto Rocha Brito, Jerônymo Geraldo de Campos Freire, Geraldo Verginelli, Costabile Gallucci, Irany Novah de Moraes, Gilberto Menezes de Góes, Daher Elias Cutait, Nelson Rodrigues Netto Júnior, Adib Domingos Jatene, Domingo Marcolino Braile, Luiz Celso Mattosinho França, dentre muitíssimos outros luminares.

Ademais, neste cenáculo bandeirante igualmente fizeram parte quatro Prêmios Nobel: Charles Robert Richet, Marie Skłodowska Curie, Antônio Caetano de Abreu Freire Egas Moniz e Alexander Fleming, além de outros 14 relevantes médicos que foram indicados a esse renomado galardão.

Assim, dezenas e dezenas de outros membros, pela notoriedade que tiveram em suas contemporaneidades são também perenizados, dando nomes a ruas, avenidas, praças, escolas, hospitais, unidades de saúde, anfiteatros, museus, bibliotecas, prêmios, patronímicas de cadeiras de silogeus, centros acadêmicos e até a dois municípios: a Estância Turística de Pereira Barreto e a cidade de Franco da Rocha.

Enfim, o maior patrimônio que Academia de Medicina de São Paulo amealhou em sua secular trajetória, tornando-se seu precioso e indestrutível lastro, é o conjunto de seus ilustres membros!

1Trabalho apresentado na Pizza Literária – Tertúlia da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional do Estado de São Paulo, no dia 24 de abril de 2025.