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  • Fonte: JB Oliveiura

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Antes de mais nada, precisamos entender o que é ORATÓRIA!

Se você acha, como muitos, que é “um bicho de sete cabeças”, engana-se redondamente. Na realidade, se quisermos seguir usando a figura de linguagem, é apenas “um bicho de DUAS cabeças”, uma vez que se compõe de dois elementos: Eloquência e Retórica.

 Eloquência é a parte da Oratória que trata da QUANTIDADE de palavras. É verbosidade, loquacidade, qualidade que se caracteriza pela facilidade que certas pessoas têm de falar com muita fluência, emendando uma palavra a outra, numa sequência que parece infinita”! Essa riqueza de vocábulos evita o uso das chamadas – e horríveis – “muletas verbais”, como “Né”; “Tá”; “OK”; “Entende?” etc.

O caminho mais fácil para se obter eloquência é a leitura – atenta – de bons livros para, dessa forma, enriquecer o vocabulário, fazendo a mente abastecer-se tanto de palavras que, ao faltar uma, haverá outras no “banco de reserva” para substituí-la. Exemplo de orador eloquente foi Rui Barbosa que, certa feita, só para o termo chicote usou dezoito sinônimos!

Retórica, por sua vez, é “a arte de conduzir as palavras”. Não basta pronunciá-las, soltamente! Isso é apenas fala, mas não ORATÓRIA, cuja finalidade é atingir o objetivo da comunicação, que é convencer o ouvinte ou ouvintes! A comunicação, nesse caso, é uma arma e tem de ser usada com cuidadosa pontaria, a fim de que acerte o alvo proposto! Retórica cuida, portanto da QUALIDADE das palavras.

Se a Eloquência é abundante em palavras, a Retórica é rica em recursos, tanto verbais quanto físicos e culturais! Entre outros: tom de voz, inflexão, ritmo de fala, entonação sonora, porte, postura, gesticulação, erudição, cultura, domínio do vernáculo. O conhecimento da língua e a inflexão verbal são tão importantes que levaram o escritor Joseph Conrad a dizer: “Deem-me a palavra certa com o tom de voz exato e eu dominarei o mundo”!

 E aí, então, se insere a pergunta do título: DÁ PARA ENSINAR ORATÓRIA EM UM DIA?

 A resposta é SIM!

Porque o mais difícil – que demandaria mais tempo –, não preciso fazer, que seria ENSINAR A FALAR! As pessoas já falam! Preciso apenas ensiná-las a falar corretamente, eliminando erros, vícios, defeitos e agregando virtudes, qualidades e recursos à sua comunicação. E isso é fácil. É como alguém que quisesse aprender a atirar e já tivesse a arma e a munição. Bastaria que lhe ensinassem a fazer pontaria… E é isso que venho fazendo há cinco décadas!

*João Batista Oliveira é advogado, jornalista e mestre em oratória, ocupa a cadeira 38 da Academia Cristã de Letras - ACL