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  • Fonte: Carolina Ramos

 poesia 1 96ab2

 

 

 

 

 

São Paulo que és sinônimo de glória,
de luta, de trabalho e de valor;
que em ouro escreves páginas da História,
com ímpeto de audaz desbravador...

São Paulo, laborioso, que congregas
o vigor do intelecto e, nas refregas,
o dinamismo, o esforço voluntário...

São Paulo que manténs, tão viva e ardente,
a pira do ideal de trinta e dois;
que abre as portas a irmãos e a toda a gente,
sem indagar o que farão depois:

Contempla, agora, a tumba dos teus filhos
imolados no altar da lealdade!
No bronze que as reveste correm em trilhos
de lágrimas de dor e de saudade!

Se desse sangue que empapou a terra,
se dessas lágrimas, que mães choraram,
se do Idealismo que esse feito encerra,
não brotassem os frutos que brotaram...

Se os corpos que rolaram na trincheira
ampliando a legião dos mutilados;
se os heróis de Buri, Túnel, Pedreira,
tivessem sido em vão sacrificados,

ah! então, meu São Paulo, abafarias
teu grito no torpor da indiferença!
À surdina do tempo entregarias
Teus ecos, teu roteiro, tua crença!

Quatro límpidos séculos refletem
a pureza e honradez dos teus intentos!
Os anais patrícios com rigor repetem
a lisura inegável dos eventos!

Luta, pois, meu São Paulo, sem cansaços,
pelos direitos do teu rumo certo!
Poderoso titã, abre os teus braços,
enfrentando o futuro, peito aberto!

Sempre a ajudar a quem merece ajuda,
desde as Bandeiras abres teu caminho!
Filho leal, que à Pátria mãe escuda,
irás em frente e não irás sozinho!

Carolina Ramos, 101 anos de vida, nasceu em Santos a 19 de março de 1924. Além de poetisa e escritora, é musicista e ocupa como titular da cadeira 22 da Academia Cristã de Letras – ACL, desde 30 de agosto de 2011